Gilson
Dipp, Presidente da comissão que está elaborando o anteprojeto do novo Código
Penal, concedeu entrevista ao site Consultor
Jurídico para explicar as reformas legislativas pretendidas para a nova
codificação.
O
que me chamou a atenção foi a proposta de reforma quanto ao crime de aborto. Pelo o que vejo, haverá descriminalização em várias hipóteses,
inclusive no caso de a mãe não ter “condições” de criar o filho.
Complexa
a questão. Por essa proposta eu realmente não esperava. Não vejo demanda social
suficiente a justificar mudança tão drástica na disciplina legal do aborto.
Se
o Congresso aprovar o permissivo do aborto nesse sentido – o que não creio –, o
descontentamento de vários segmentos da sociedade será grande.
Segue
a parte da entrevista em que o Ministro Gilson Dipp tratou do assunto:
ConJur
— Os senhores propõem mudanças em relação ao aborto?
Dipp
— Aumentamos a possibilidade do aborto legal. Hoje é
permitido o aborto apenas em caso de estupro e grave risco de vida da mãe.
Substituídos grave risco de vida da mãe por grave risco à saúde, o que amplia
as hipóteses. E permitimos a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos mesmo
antes da decisão do Supremo. O aborto continua tipificado como crime, mas as
hipóteses de aborto legal foram ampliadas.
ConJur
— Ampliadas quanto? Além destas que o senhor citou, há
outras hipóteses?
Dipp
— Pela proposta, será permitido o aborto não só de fetos
anencéfalos, mas de todo feto portador de graves e irreversíveis anomalias
atestadas com segurança por laudos médicos fundamentados, evidentemente. É
prevista também a possibilidade do aborto decorrente de técnica de reprodução
assistida e não consentida. E mais, que certamente gerará polêmica, há a
previsão de que em toda gravidez poderá ser feito o aborto até a décima segunda
semana nos casos em que a mãe não tenha a menor condição de criar os filhos.
ConJur
— Condições financeiras?
Dipp
— Não só financeiras. Principalmente condição psicológica, atestada por
médicos, psiquiatras e psicólogos. Aí me perguntam: “Mas como atestar isso?”.
Reportagens recentes mostraram mulheres grávidas em cracolândias, perdidas, com
a mãe do ex-companheiro correndo atrás da nora e ela fugindo para a
cracolândia. Há condições? Mas cabe ao Parlamento dar a última palavra. O que
estamos elaborando é um anteprojeto que será entregue ao Senado. É no Congresso
que se dará a grande discussão.
Para
ler a entrevista completa, clicar AQUI
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